Mulheres que ocupam: violência, despejos e resistência feministas_
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Resumo
O presente artigo teve por objetivo analisar o processo de feminização do déficit habitacional, refletindo sobre a pobreza, a violência doméstica e o endividamento das mulheres a partir das suas interconexões com a questão da moradia. O trabalho se propôs a traçar uma corpografia das ocupações urbanas no Rio de Janeiro, o que entendemos por corporificar os seus sujeitos (sujeitas), que possuem classe, raça, gênero e sexualidade. Compostas majoritariamente por mulheres negras e mães solo, que lutam pelo direito à moradia adequada, as ocupações assumem o lugar de alternativa à crise da moradia, que foi ainda agravada com a crise sanitária de Covid-19. Fundamentando-se sobretudo na epistemologia feminista interseccional, o trabalho destaca como os despejos e remoções forçadas, enquanto iniciativa violenta de despossessão de moradia, se sobrepõem a outras violências estruturais e interseccionais que atravessam as mulheres brasileiras, especialmente as mulheres negras, consistindo, portanto, em uma forma de violência gendrada e racializada. A partir de experiências de campo na Ocupação Zumbi e Luiz Gama, localizadas na zona portuária e central da cidade, bem como na Ocupação Novo Horizonte, na cidade de Campos dos Goytacazes, Estado do Rio de Janeiro...
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