Crime republicano e restauração cidadã na guerra de canudos
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Resumo
Este artigo revisa o arquivo da guerra de Canudos para tornar visíveis as operações textuais por meio das quais sujeitos apagados da história disputaram interpretações sobre a guerra ocorrida no interior da Bahia (Brasil) entre 1896 e 1897. Em especial, abordarei a noção de “crime” desenvolvida por dois textos baianos sobre a guerra: o Histórico e Relatorio do Comitê Patriótico da Bahia (1901) editado por Lelis Piedade e a Descripção de uma viagem a Canudos (1899) de Alvim Martins Horcades. Esses textos combinam elementos descritivos e argumentativos que apontam o impacto da palavra escrita na restauração da ordem social após o fim da guerra no arraial. Em ambos os documentos, percebe-se uma oscilação ambígua entre a reivindicação cívica do jagunço e a condenação universalista das atrocidades da guerra em nome da Caridade e da Pátria. Os textos analisados são exemplos claros de como a escrita da história se torna um trabalho performático sobre o acontecimento e essas dissidências perturbam a lógica maniqueísta entre vencedores (republicanos) e vencidos (sertanejos) típica da textualidade oficial da guerra de Canudos.
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